Idas e Vindas

Esse conto foi criado em 2005, com algumas modificações em 2007.
Foi criado para a aula de Leitura do colégio onde eu estudava, apesar de tanto tempo criado ainda não tem um nome concreto.


Categoria:  Romance
Gênero: Drama
Recomendação: Livre

Prefacio
20 de Março de 2006
Mais um dia igual a qualquer outro, nada diferente, tudo igual na escura e triste casa às três horas da tarde, janelas e cortinas fechadas, só se ouvi os gemidos de mamãe a cada vez que muda de posição, uma vestia de luz sai pela beirada da porta do meu quarto o destacando do resto da casa pois ele é o único cômodo com luz porque mamãe não suporta luz no estado em que está, do quarto dela a enfermeira entra e sae a todo tempo, na casa ninguém fala com ninguém.

Há seis meses nada muda, é tudo sempre igual e triste meus irmãos e a empregada já estão sem esperanças e eu estou lutando, lutando para não perdê-las, sei que minha mãe vai melhorar, mas às vezes tenho duvidas sobre isso, só queria que tudo fosse como antes, quando minha mãe ainda conseguia se mexer sem dor; nós éramos uma família feliz, unida, até alguns meses antes do acidente, e minha história deis de que me lembro é assim:

Anos depois de eu nascer minha mãe ficou grávida de novo, só que meu pai não queria esse filho, eles já tinham dois e mais um só traria mais problemas, nós não tínhamos condições financeiras, pois meu pai acabará de perder o emprego e estava fazendo pequenas consultorias para que pudéssemos sobreviver, por isso não havia como nascer um filho naquele momento, minha mãe não tinha planejado, nem desejava mais um filho para aquela época mas aceitou a gravidez pois não adiantava de nada ficar brava e reclamando pelos cantos como o meu pai fazia, e nunca ela faria o que meu pai sugeriu, mesmo que tivesse que sair de casa ou pedir esmola na rua.
Meu pai tinha sugerido a minha mãe que ela abortasse assim não teríamos mais problemas, depois daí eles só brigavam, brigavam tanto que às vezes até nem sabiam porque estavam brigando, meu pai tornou-se agressivo, grosso e preocupado, na verdade ele já era um pouco assim quando eu nasci, minha irmã diz que os problemas começaram quando eu nasci, que antes da minha mãe ficar grávida de mim meu pai não era assim e que quando minha mãe ficou grávida começou os desentendimentos deles mas que as brigas deles eram poucas mesmo assim, não sei se é verdade, mas quando penso nisso me sinto rejeitada, nunca cheguei a perguntar sobre isso a eles seja por medo ou por desinteresse; quando meu irmão nasceu à relação entre os dois ficou pior do que nunca ,eles brigavam o tempo todo fazendo com que meu irmão se assustasse e chorasse, e mesmo assim eles não paravam de brigar, e muitas vezes era por coisas sem importância ou que já foram resolvidas e se alguma de nós duas interrompêssemos a briga dos dois, nós apanhávamos ou ficávamos de castigo por conta disso eu e minha irmã tínhamos de cuidar do Artur (foi o nome que minha irmã e eu decidimos por nele, já que nossos pais não lembravam da existência de nenhum de nós devido a suas constantes brigas, e quando não estavam brigando, ela pegava Artur sem lembrar de nossa existência ou se quer que nos “matávamos” para poder manter tudo em ordem) .
As tarefas eram divididas minha irmã cuidava de Artur e suas necessidades e eu fazia os serviços da casa, as coisas ficaram tão difíceis que ficamos até sem empregada, tudo éramos nós que fazíamos, mas parecia que ninguém notava e tão pouco agradecia.
Um dia resolvemos não fazer nada só para ver o que acontecia, foi um desastre. Após as costumeiras brigas, mamãe saiu de seu quarto passou pegou Arthur e se trancou no quarto de hospedes chorando e meu pai vendo que nada fizemos para deixar a casa em ordem nos deu uma tremenda surra, e nos deixou de castigo.
Eu tinha apenas sete anos e ainda me lembro, na época minha irmã tinha 12.
As brigas duraram mais ou menos um ano até que por fim eles se separaram.


Capitulo 1
A Separação

21 de Março de 2006

O que detonou a separação foi porque um dia Artur chorava em desespero por estar com dor de barriga, ele chorava muito, não agüentando o choro de meu irmão papai mandou-o calar a boca . Minha mãe não gostou do tratamento que ele dera a meu irmão e reclamou com ele. Meu pai irritado e enfurecido gritou com ela também e foi o que bastou para a confusão começar, por fim no auge do nervosismo ele bateu nela. Foi a ultima vez que eles brigaram.
Quando eles se separaram minha mãe caiu em depressão, não levantava da cama, recusava se alimentar, chegando a jogar toda a comida em cima de mim.
Minha irmã como anjo me vendo toda suja e chorando ao sair do quarto de minha mãe, me consolou, me deu um banho e me fez descansar enquanto ela limpava o quarto.
Minha irmã ficou preocupada veio ao nosso quarto ver se eu estava bem, mas só fora mesmo o susto.
Como mamãe não saia daquele estado chamamos um amigo da família, que era médico e ao examiná-la ele passou alguns medicamentos e disse que o tratamento iria ajudá-la, mas que ela não poderia deixar de tomar os remédios.
Como os remédios eram caros e papai recusava-se a ajudar a pagar o tratamento ficamos logo sem dinheiro e assim minha irmã decidiu que deveria trabalhar para ajudar nas despesas.
A principio não sabia o que ela fazia, mas depois de tanto eu insistir,ela me falou que estava trabalhando meio período de baba.
Nessa época não podíamos ir a escola, pois tínhamos que cuidar de tudo e ainda de nosso irmão.
Eu estava muito angustiada por tudo, sentia revolta pelos meus pais, como eles podiam ser tão egoístas? Nós éramos tão jovens, eles deviam ter pensado melhor ao invés de se apoiar é nós, mas acredito que para a minha irmã deveria ser muito pior.
Minha irmã Ângela, era como uma mãe que procurava cuidar de nós com carinho e suprir o espaço vazio que a mamãe deixará.
Apesar de tudo ainda tínhamos momentos onde podíamos sentir um pouco de alegria, quando brincávamos com o Artur que nos chamava de mãe, ou quando ganhávamos de uma pessoa amiga um bolo gostoso e nos lambuzávamos todinhas e riamos comendo o bolo. Com o passar do tempo eu acabei me adaptando.


Capitulo 2
O Arrependimento
22 de Março de 2006
Finalmente mamãe após o tratamento se recupera.
Ao se restabelecer,ela começa a perceber o quanto havia nos abandonado, e também o esforço que fazíamos para ajudá-la a se recuperar e cuidar da casa.
Nosso pai não nos procurava apenas mandava o dinheiro de nossa pensão. Ficamos sabendo através e um amigo da família que ele estava trabalhando e parecia que estava querendo se casar novamente.
Mamãe aos poucos ia se restabelecendo e resolveu arrumar um emprego para podermos ter mais dinheiro, estava arrependida de ter deixado a situação chegar aonde chegou.
Sentia-se culpada por sua filha mais velha ter de trabalhar para ajudar a colocar dinheiro em casa.
Ela parecia ter renascido, pois quando a tempestade passou, também começou a ajudar nas coisas de casa e a cuidar de Artur.
Passou a dar mais atenção para nós, a cuidar de sua aparência, a procurar emprego e às vezes até sorria.
Começou a conversar conosco e nos tratar com mais carinho, se interessava pelo que sentimos, e o que nos preocupava.
Para nós apesar do alivio era triste ver em seu rosto o sentimento de culpa que nossas confissões provocavam nela.

O dia mais feliz em nossa casa foi quando ela chegou em casa toda alegre após ter ficado o dia na rua. Finalmente ela arrumara um emprego.
Era um emprego simples de vendas em uma loja de eletrodoméstico, mesmo assim o sorriso se estampava em seu rosto e ela estava radiante por finalmente poder ajudar nas contas da casa.
Com muito trabalho e dedicação ela foi crescendo aos poucos em seu serviço.
As coisas melhoraram muito em casa nessa época passamos a nos unir e ajudar-nos cada vez mais para seguir em frente com força.
Voltamos a estudar, e ai foi que decidi o que gostaria de me formar.
Meu irmão Artur parecia um rapazinho indo para escola, minha irmã conseguiu terminar os estudos e agora trabalhava em uma empresa como recepcionista e estava estudando para o Vestibular ela queria ser secretária.
Eu nessa época já sonhava em trabalhar em escola, e decidi fazer pedagogia quando fosse prestar vestibular.
Nossa mãe ficava encantada com nosso projeto, e aplaudia feliz quando nos via comentando o que faríamos em nossas carreiras.
Era divertido quando estávamos juntos em nosso tempo livre, procurávamos brincar com Artur no jardim ou íamos todos fazer um pique-nick em nossa cozinha, tudo virava uma festa.
A vida passou a nos sorrir.
O tempo passava rápido, e o passado já não fazia mais parte de nossas vidas.


Capitulo 3
O Acidente

23 de Março de 2006
Estávamos comemorando nesse dia.
Mamãe nos levou a um restaurante para nos dar a noticia.
Ela havia sido promovida a gerente da loja , finalmente agora ela conseguiria comprar um carro e assim não teria mais de sair tão cedo de casa e voltar exausta por causa dos ônibus.
Fizemos planos de qual o carro que queríamos. Chegamos ir a uma revendedora de carro e todos concordamos que seria aquele azul.
Era lógico que naquele momento ainda era plano. Mas era bom sonhar.

Alguns meses depois, eis que mamãe chega mais cedo em casa e nos surpreende.
Pede para que saiamos com ela pois gostaria de nos levar para passear.
Era estranho afinal nunca havia feito isso em pleno dia de semana.
Saímos e lá fora estava o carro que meses antes havíamos escolhido como o carro da família.
Começamos a fazer a maior algazarra em torno do carro.
É lógico que naquele mesmo momento fomos dar umas voltas.
Até demos nome ao carro que foi solenemente batizado: Aristóteles, e seu apelido era ARI.

O tempo passa e a vida apresenta mais uma de suas surpresas. Um dia mamãe bate o carro e sofre um acidente que a deixa de cama.
E assim, voltamos aos dias tristes de nossas vidas com ela hospitalizada e depois de algum tempo sendo enviada para casa e sofrendo muito para se recuperar.
Mais um dia igual a qualquer outro, nada diferente, tudo igual na escura e triste casa às três horas da tarde, janelas e cortinas fechadas, só se ouvi os gemidos de mamãe a cada vez que muda de posição, uma vestia de luz sai pela beirada da porta do meu quarto o destacando do resto da casa, pois ele é o único cômodo com a luz porque mamãe não suporta luz no estado em que está, do quarto dela enfermeira entra e sae a todo tempo, na casa ninguém fala com ninguém.
Há seis meses nada muda, é tudo sempre igual e triste meus irmãos e a empregada já estão sem esperanças e eu estou lutando, lutando para não perdê-las, sei que minha mãe vai melhorar, mas às vezes tenho duvidas sobre isso, só queria que tudo fosse como antes, quando minha mãe ainda conseguia se mexer sem dor.




Capitulo 4
A idéia

24 de Março de 2006

Parece que nada vai mudar, vou acabar enlouquecendo se as coisas continuarem do jeito que está. Espera, alguém bate na porta vou atender...
Era Arthur, parece que ele teve uma idéia, deve ser muito boa pois ele estava eufórico e geralmente Arthur tem umas idéias ótimas que até nos surpreende.
Bem vou ver que idéia é essa, depois eu volto para contar. Até mais

25 de Março de 2006

Artur teve uma idéia pediu que nos reuníssemos em volta de mamãe e conversássemos com ela sobre os dias felizes que ela nos proporcionou após sua cura da depressão.
Fomos meio desanimadas, mas não sabíamos dizer não a Artur.
Ele era tão encantador que ao ouvi-lo mamãe até parou de gemer, quando percebemos a sua reação também resolvemos falar de nossa alegria por tudo que ela nos fez e por amá-la tanto.
Parecia um milagre aos poucos ela foi melhorando, as lagrimas lavavam seu rosto fazendo com que todos nós emocionássemos, e ao mesmo tempo apesar da dor que ela sentia vimos que ela esboçou um sorriso ao ouvir a narração de Artur sobre o dia em que corremos todos pelo jardim atirando água um nos outros. Também não havia quem não sorrisse ele pulava e gesticulava como se estivesse novamente naquele dia.
Capitulo 5
14 de Abril de 2006
Parei de escrever, pois não tive mais tempo... Mas agora estou retomando e vou contar tudo o que aconteceu durante esse tempo...

Após aquele dia passamos a ir ao quarto de mamãe com freqüência contar como havia sido nosso dia e a saudade e alegrias que sentíamos.

A melhora de mamãe era visível, até que um dia desses, quando meus irmãos e eu, voltávamos da escola, ela nos surpreendeu esperando por nós sentada na sala com a nossa empregada dando-lhe um prato de sopa.
Ficamos muito felizes e com o passar do tempo com toda nossa dedicação e esforço ela acabou por se recuperar.
Por isso não tive mais tempo para escrever...
Dessa vez apesar do acidente nós não passamos necessidades, porque ela não tinha provocado o acidente e a pessoa que provocou pagou todo o tratamento e despesa que tivemos com os remédios, além de visitar-nos sempre e tentar nos ajudar contribuindo com os gastos da casa.
Também havia o salário de mamãe que a empresa resolveu manter apesar do acidente. Ela é muito querida por todos.
Sempre vinham visitá-la e também procuravam saber se precisávamos de algo.
Até papai apareceu para dar uma força.

28 de Abril de 2006

Hoje é um dia de festa, a alegria reina em nossas vidas.
O acidente que parecia ter acabado com nossas esperanças, nos trouxe mais lições, aprendi que não se deve julgar as pessoas, não temos poder para tanto, pois todos erramos, se eles fizeram aquilo foi porque era o melhor que eles podiam fazer naquela época eu não podia cobrar nada deles, e eles se arrependeram, e devo dizer que nunca é tarde demais para concertar um erro. E o mais importante é que se passamos por tudo aquilo, era porque tínhamos que passar, essa experiência pode ter trazido muita dor, mas também trouxe o amadurecimento.
Ao olhar para trás revejo tudo e sinto que estou mais forte em minhas idéias e em meu objetivo.

Artur esta radiante hoje é seu aniversário de oito anos e lhe preparamos uma festa surpresa.
Ele acaba de ganhar do namorado da mamãe um trem elétrico.
Minha irmã também tem um namorado, que veio participar da festa, eles pensam em se casar assim que ela se forme na faculdade.
Eu estou solteira, e prefiro assim. Estou fazendo o primeiro ano colegial agora e logo poderei seguir a carreira que escolhi.
Ah, o principal o namorado de mamãe é o mesmo que provocou o acidente, foi sem querer ele estava transtornado e triste tinha levado um fora da sua noiva e não percebeu que passou o farol vermelho.

E por fim descobri que meus pais na verdade nunca brigaram por minha causa, nem tão pouco por causa de Artur.
Um dia ao conversarmos eles nos contaram que já não se amavam mais, mas por conta das obrigações acreditavam que deveriam continuar casados e isso que provocava tantas brigas.

A vida é cheia de vindas e idas, o importante é se manter firme, e aprender com as lições que a vida lhe dá.

E hoje posso dizer que somos realmente uma família feliz.

FIM