Dez da noite

Essa história eu estou criando sozinha, por incrivel que pareça... Essa é para quem gosta de um pouco de romance e mistério.

Dez da noite. Lá fora se escutava o som de alguns poucos carros, já cansados, suas rodas deslizavam devagar pelo asfalto banhado pela chuva fina que caia.
Jovens animados voltavam para suas casas, rindo alto e correndo, provavelmente pegos desprevenidos pela chuva.
Um pouco atrás, moças saindo de seus trabalhos, abrindo seus guarda-chuvas, poderiam ter ouvido na previsão do tempo que ia chover, ou somente, por serem mais experientes, levassem-os  sempre na bolsa. A não ser por tais acontecimentos o silêncio era total. Uma prova de que até as grandes cidades precisam descansar.
Renata solta o ar pesadamente, finalmente chegara o sábado, sua semana, como sempre, fora agitada e estava feliz por poder descansar.
Suas amigas, insistiram, praticamente imploraram para que ela as acompanhasse para a festa que rolaria naquele dia, naquela mesma hora. Mas, como suas amigas logo notariam, o final de semana era só dela, e ela não trocava isso por nada.
O vidro da janela estava embaçado por sua respiração. Com seu rosto contraído, sentindo o vidro gelado contra a sua pele quente enquanto observava o pouco movimento da rua, lá fora parecia outro mundo e de certa forma sentia-se mais segura ali, só observando.
Se afasta da janela e atravessa a sala em passos largos seguindo um som distante que começara a ouvir. Era a televisão. Esquecera-se que a havia deixado ligada, sentia-se muito sozinha com tanto silêncio e ligando a televisão, dava a impressão de estar sempre acompanhada, já que estava constantemente ouvindo vozes, e mesmo assim não precisar responder ou sequer prestar atenção no que estavam falando, que ninguém ia reclamar.
Renata tinha 19 anos, cabelos castanhos, lisos e cumpridos, olhos cor de avelã e rosto fino. Ao contrario de suas amigas não conseguia ficar muito tempo falando de futilidades, como novela, o garoto mais bonito da faculdade ou a fofoca do dia.
Senta-se no sofá esticando as pernas enquanto parava um pouco para ver que bobagem estava passando agora na TV.
Depois de mudar de canal varias vezes e ver que não tinha opção, desiste e pensa em ir dormir, mas era sábado e ela queria aproveitar o maximo possível sem precisar sair de casa.
Pensa em pegar uma garrafa de vinho que tinha ganhado no natal, mas não havia o que comemorar e nesses casos ela preferia fazer isso acompanhada. Olha para a televisão.
- É, parece que somos só você e eu meu bem.
Era difícil para Renata achar um namorado entre a faculdade de Jornalismo, o emprego de telemarketing e as aulas de dança, por isso se contentava com sua velha companheira TV, que nunca se queixou por ela não parar em casa e não lhe dar a atenção devida.
Claro que ela tinha o desejo de encontrar alguém, construir uma vida e coisa e tal, mas parecia que até os seus namoros acompanhavam o ritmo da cidade (bem rápido).
Os devaneios de Renata são cortados subitamente por um barulho esquisito, era isso que ela mais detestava em morar sozinha, olha em volta assustada, o barulho se repete, parecia um estalido.
Renata se levanta e tenta identificar de onde vinha o som, descalça vai até a porta cozinha escura e para observando o local de longe, não tinha nada, mas ela não fica tranqüila, vira-se e congela, um homem estava parado a sua frente, em seguida ela não vê mais nada.

- Senhorita... Senhorita... Senhorrita, acorde por favor...
Os olhos dela se abriram lentamente  enquanto uma voz baixa ia tomando forma em sua mente, estava zonza e tentando saber onde estava. Os olhos verdes levemente encoberto por algumas mechas de cabelo ruivo encontraram os seus e ela subitamente voltou a si. Como em um efeito mola sentou-se rapidamente e afastou-se do rapaz que estava a sua frente com o semblante franzido de preocupação.
- Oh graces a Deus. - Ele falava com um sotaque carregado totalmente estranho para os ouvidos de Renata, sua agilidade ao levantar-se não lhe deixou impune de uma grande dor de cabeça. Com a mão nas temporas a unica coisa que conseguiu formular foi.
- Quem é você?
- Hã, mil perrdons senhorita, eu ser Kallen Mirrut, ao seu dispor senhorita... - Ele pega a mão de Renata e a beija enquanto a moça ficava estática assustada.